A XI BIAU - Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo anunciou os vencedores do Prêmio Ibero-americano de Arquitetura e Urbanismo. César Ortiz-Echagüe Rubio e Jorge Enrique Scrimaglio foram os selecionados dentre 38 profissionais que concorriam para o prêmio.
O Prêmio Ibero-americano é um reconhecimento do mérito da carreira de um(a) profissional da arquitetura e/ou do urbanismo que, de forma individual ou coletiva, se tenha destacado pela promoção e defesa de valores relacionados com a arquitetura e o urbanismo na Ibero-América.
Segundo o júri, "ambos os arquitetos constituíram, ao longo dos anos e a partir da sua forte condição marginal e periférica, uma sólida referência da arquitetura ibero-americana. As suas figuras permaneceram ocultas e afastadas dos circuitos mediáticos, mas a sua arquitetura soube multiplicar o seu interesse ao longo dos anos, até se situar no centro do discurso contemporâneo."
O júri foi presidido por Javier Martín Ramiro, Diretor Geral de Arquitetura, Habitação e Solo; e constituído por Laureano Matas Trenas, Secretário Geral do Conselho Superior dos Colégios de Arquitetos de Espanha; Francisco Mangado Beloqui, Coordenador Geral das Bienais; Arturo Franco e Ana Román, Comissários da XI BIAU; José Cubilla, Coordenador da XI BIAU no Paraguai; Gloria Cabral / Solano Benítez, Assunção, Presidentes do Júri do Panorama de Obras da XI BIAU e Javier Corvalán, Assunção.
Sobre os premiados
César Ortiz-Echagüe (Madrid, 1927). Arquiteto formado pela Escola Técnica de Arquitetura de Madrid em 1952, obtendo o prémio anual da Real Academia de Belas-Artes de San Fernando pelo seu projeto de fim de curso A sua primeira encomenda chega da fábrica SEAT, que o encarrega da construção de uma pequena cantina em Barcelona, em 1954. O projeto recebe o prémio Reynolds em 1957 e, com o sucesso deste edifício, a marca passa a confiar ao recém-fundado gabinete Ortiz-Echagüe/Echaide novos e mais importantes projetos. Ortiz Echagüe encontrou na arquitetura de Mies van der Rohe uma inspiração para o movimento de industrialização espanhol, campo em que aparecerão os seus primeiros grandes clientes: a SEAT e o Banco Popular Español. Destacam-se nesta etapa o conjunto de edifícios da filial da SEAT em Barcelona (1959-1964), o Depósito de Automóveis da filial da SEAT em Madrid (1964), assim como a sucursal do Banco Popular Español na Gran Vía de Madrid (1958).
Posteriormente, o gabinete especializa-se em edifícios para a área do ensino, uma etapa que se prolongará até ao final da sua carreira profissional. Neste ciclo há a destacar o Instituto Tajamar (1961-1966), em Vallecas, e o Colégio Retamar (1967), em Somosaguas. Esta última obra dá o toque final, sendo o gabinete dissolvido nesse mesmo ano.
Paralelamente, Ortiz Echagüe dedicou parte do seu trabalho à difusão e reivindicação da arquitetura espanhola, mediante publicações, artigos e conferências a nível europeu, como “Dreissig Jahre Spanische Architektur”, ensaio monográfico na revista suíça Werk em 1962, ou “40 anos de arquitetura espanhola” na revista portuguesa Binário em 1960.
Em 1975 passa a viver em Roma. Em 1983 é ordenado sacerdote pelo Papa João Paulo II, transladando-se finalmente em 1985 para a Alemanha e desvinculando-se do mundo da arquitetura.
Jorge Scrimaglio (Rosário, 1937). Arquiteto pela Escola de Arquitetura de Rosário em 1961. Anteriormente, tinha começado a sua formação na Escola Industrial da Nação General José de San Martín, o que deu lugar a alguns anos de trabalho em oficinas de carpintaria, ferraria e fundição. Destacou-se desde o início pela naturalidade e organicidade de uma arquitetura que procura integrar o homem na natureza, contrastando com o movimento mais racional dos seus colegas. Eduardo Sacriste, que conhece num curso de verão, adota-o como seu aluno predileto. Graças a esta amizade, começa a dar aulas nos últimos anos do curso, iniciando a sua atividade docente.
Paralelamente, e antes de terminar a sua formação, recebe encomendas de familiares e da própria universidade, incluindo uma casa para o diretor da escola. Aos 50 anos, Scrimaglio tinha construído mais de 25 obras, concebido dezenas de peças de mobiliário e redigido textos onde procurava condensar a sua forma de pensar.
A sua arquitetura é uma evolução de uma filosofia de vida que o levou a liderar diversos movimentos ecologistas. O seu pensamento, baseado no organicismo, entende o edifício como um conjunto vivo.
Entre as suas obras mais importantes destacam-se a Casa Yapeyú (1957), a Capela do Espírito Santo, em Rosário (1962), a Casa Alorda (1968-1973) em Rosário, a Casa Prieto (1975) e a estação YPF (Arroyo Seco-1983). Algumas das suas obras foram declaradas “Obra de Interesse Cultural” pela Subsecretaria da Cultura do Município de Rosário.
XI BIAU
A XI BIAU (Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo) tem início no dia 6 de outubro em Assunção, Paraguai. Ao longo de uma semana, diversos locais da cidade acolherão exposições, conferências e debates, assim como uma mostra de cinema e atividades populares. A bienal reúne a melhor arquitetura dos 22 países que formam a Ibero-América nas categorias Panorama de Obras, Publicações, Textos de investigação, Trabalhos acadêmicos e Habitando a Ibero-América.